Cerimônia de gradução 2019
Boa noite a todos, é uma imensa alegria estarmos juntos hoje no cerimonial de graduação da Liga de Judô do DF e Entorno. A Liga de Judô existe por causa de cada um de vocês. A Liga de Judô nasceu para servir e não para ser servida. A Liga é feita para aquele que compreende que o judô é muito mais que uma mera atividade física; que é muito mais que um mero desporto competitivo. O judô é um modo de vida, e por ser um modo de vida é chamado de caminho. E este caminho só pode ser trilhado por alguém com uma mente altamente flexível, e ser flexível é ter uma mente livre. Mas nós muitas vezes esquecemos isso e vivemos abarrotados de coisas, entulhados de ideias e conceitos, que muitas vezes nos impedem de ver a simplicidade da vida.
Vivemos numa sociedade que nos obriga a buscar resultados a todo custo, que nos ensina a ser sempre o melhor, mas pergunto a todos vocês: como eu sei que sou o melhor?... sabemos porque nós medimos, porque nós comparamos. E quando digo que eu sou melhor, é porque tenho como referência aquele que considero ou que eu julgo ser o pior. Quando digo isso que tipo de relação estabeleço? Quando eu comparo os meus alunos ou qualquer pessoa que seja; dizendo que A é melhor que B ou que B é pior que A, que tipo de ação eu estou promovendo? Eu simplesmente estou promovendo a separatividade entre nós seres humanos, e dessa separatividade nascem a violência e os conflitos, que tanto assolam nossas relações.
E para aqueles que percebem a necessidade e a urgência de uma transformação, devemos nos amparar em dois princípios absolutos: O primeiro é o bem estar mútuo. Mútuo quer dizer recíproco, quer dizer que eu e você estamos juntos ao mesmo tempo. Entendem o que isso significa? Estar juntos ao mesmo tempo significa que as minhas dores são também as suas; que o que você sente é o que eu sinto; o que eu vejo é a mesma coisa que você vê; é um estado de comunhão, e esse estado é chamado de JITA KYOEI.
Pergunto a vocês: quando eu olho para o lado e vejo alguém, que eu gosto ou suponho que gosto, chorando e triste, como eu fico? Qual o estado que eu fico quando alguém me diz algo bom ou ruim? Como eu fico? Vejam que estamos sempre nos relacionando e como um afeta o outro. Quando eu perceber que a minha felicidade depende da felicidade do outro, quando eu perceber que cada palavra, cada pensamento e cada ação são os alicerces que vão construir o nosso caminho; e quando eu compreender não teoricamente, mas como uma realidade, que as minhas palavras, meus pensamentos e minhas ações sempre afetarão o outro de maneira direta; quando eu ver isso como uma verdade na minha vida, então eu não mais medirei, eu não mais compararei. E desta ação, e somente assim, pode nascer uma mente flexível, capaz de passar por todos os desafios impostos pela vida de uma forma simples.
Esta simplicidade, esta flexibilidade é um estado de espírito e por isso o segundo princípio nos diz que devemos usar o nossa máxima eficiência das forças físicas, mentais e espirituais. A mente e o físico sozinhos são apenas um terreno infértil; é somente através da ação do espírito que a mente e o físico desenvolvem seu máximo potencial! E somente quando utilizarmos nosso maior potencial, e somente assim, seremos virtuosos; uma virtude que não nasce do solo da mente, mas do coração, e a cada batida e a cada pulsar que eu sentir no meu peito, eu saberei o que é o respeito, saberei ser humilde, serei honrado, saberei o que é ter ética, saberei quando estender a mão e quando não estendê-la, e principalmente, saberei o que é AMAR!
Vejam, somos partes integrantes de um mesmo movimento!
Vejam que cada um de vocês é importante!
Vejam a responsabilidade que cada um de nós tem para com a vida. E o judô é parte integrante disso. O judô é um meio de transformação, e sabendo disso é nosso dever e obrigação levar o judô para todos. Cada um de vocês pode ser um agente transformador ou não, vai depender de como cada um vai trilhar o caminho, mas lembre-se: o caminho é solitário, porém nunca estaremos sós!
Presidente da Liga de Judô do Distrito Federal e Entorno
Marcelo Haguihara
